

O Brasil é responsável pela gestão do maior patrimônio de biodiversidade do mundo. São mais de 120 mil espécies de invertebrados e aproximadamente 8930 espécies vertebrados (734 mamíferos, 1982 aves, 732 répteis, 973 anfíbios, 3150 peixes continentais e 1358 peixes marinhos), das quais 1.173 estão listadas como ameaçadas de extinção.
O projeto Biomas do Brasil objetiva sensibilizar e instigar a reflexão sobre a delicada situação atual de devastação e destruição dos ecossistemas que constituem patrimônios ecológicos do país. Para isso, são apresentados seis painéis de mosaicos com pintura em vidro. Cada um deles homenageia um dos seis biomas brasileiros (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa) e espécies nativas ameaçadas de extinção que neles habitam. É construído assim um alerta para a necessidade de atenção, cuidados e ações efetivas para restabelecer o equilíbrio dos ecossistemas.
O conjunto estimula a parar a destruição da biodiversidade natural e conscientiza sobre a necessidade de curar e restaurar os ecossistemas destruídos. As composições visuais de Ju Barros, ao representar espécies animais e vegetais características ou endêmicas, valorizam as cores, as formas e a resiliência da natureza.
Oscar D'Ambrosio
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura,
Mestre em Artes Visuais, Jornalista e Crítico de Arte.
O Projeto Biomas do Brasil alia arte, tecnologia e educação, contribuindo para a ampliação da consciência coletiva propiciada pelas manifestações artísticas.
A cada obra do projeto está associado um painel informativo com informações do bioma correspondente e da espécie animal representada na obra. Além disso, as obras podem ser visualizadas através da REALIDADE AUMENTADA, uma tecnologia que permite sobrepor elementos virtuais à nossa visão da realidade.
O observador pode utilizar dispositivos eletrônicos, como aparelhos celulares e/ou tablets, para visualizar animações dos elementos presentes em cada obra e interagir com eles. As animações são visualizadas na tela do dispositivo ao apontá-lo para o QR CODE associado à cada obra.
Concepção e execução: Ju Barros
Curadoria: Oscar D´Ambrosio




A onça-pintada surge cativante com a sua força e beleza muito ligadas à identidade nacional. Aproximar-se de uma delas traz uma sensação mista de medo e euforia, caracterizada pelo respeito pela maneira como ela interage harmonicamente com as folhagens densas da mata fechada, em que há o simbolismo da costela-de-adão estilizada, remetendo às origens dos tempos. A ancestralidade indígena feminina também se faz presente como elemento de sabedoria a dialogar com a exuberância e resiliência da floresta.
Sabedoria Ancestral
Mosaico com pintura em vidro
100cm x 80cm, 2021
Bioma de maior biodiversidade do mundo, a Amazônia possui vegetação extremamente densa, fauna e flora diversificadas e rios extensos. Corresponde aproximadamente a quase metade do território brasileiro e abriga a maior floresta tropical e a maior bacia hidrográfica do mundo. O destaque é a onça-pintada, ameaçada por perda e fragmentação de habitat associadas à expansão agrícola, mineração, implantação de hidrelétricas, ampliação da malha viária e a eliminação de animais pelo prazer da caça ou retaliação por predação de animais domésticos.
Oscar D´Ambrosio




Conhecida como Mata Branca, tem como um de seus ícones o resiliente tatu-bola. Os mandacarus, que remetem às aventuras de Lampião e Maria Bonita pela região, apontam para um ambiente de solo rachado seco em tons ocres, mas com uma flor que nasce com a chuva que traz esperança. Nesse ambiente, as mulheres do cangaço, que mesclavam a força da luta com a graciosidade como adornavam sua roupa e cabelo, representam o valor do feminino em uma realidade agreste que o compositor Luiz Gonzaga retratou tão bem.
Mata Branca
Mosaico com pintura em vidro
100cm x 80cm, 2022
A Caatinga ocupa uma área equivalente a 11% do território nacional. Rica em biodiversidade, ampara diversas atividades econômicas voltadas para fins agrosilvopastoris e industriais, especialmente nos ramos farmacêutico, de cosméticos, químico e de alimentos. Nele habita o tatu-bola, a menor e menos conhecida espécie de tatu do Brasil. Com aproximadamente 50 cm e 1,2 kg, corre alto risco de extinção em médio prazo. Suas populações foram extensamente dizimadas no passado, principalmente devido à caça humana de subsistência.
Oscar D´Ambrosio



A imagem está conectada com as memórias afetivas da artista com a Serra do Espinhaço no Estado de Minas Gerais, onde as plantações de sempre-vivas são muito presentes. O lobo-guará, adotado como símbolo nacional pela sua graciosidade graças, em boa parte, às pernas compridas, cria uma agradável atmosfera, completada pelo tamanduá-bandeira, animal muito representativo da fauna do Cerrado. Essas evocações se complementam com as catadoras de sempre-vivas, que trabalham duro para proteger e alimentar as suas famílias.
Raízes Profundas
Mosaico com pintura em vidro
100cm x 80cm, 2022
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul. Ocupa cerca de 22% do território nacional. Além dos aspectos ambientais, tem grande importância social. Muitas populações sobrevivem de seus recursos naturais. Nele habita o tamanduá-bandeira, que pode atingir 2 metros de comprimento, pesando cerca de 40 kg, e que vem sofrendo drásticas reduções pela fragmentação do habitat, incêndios, caça e atropelamentos; e o lobo-guará, considerado um dos mais belos animais brasileiros.
Oscar D´Ambrosio




O muriqui cativa pela sua caraterística de viver em comunidade, com alegria e barulho intensos, expressando a liberdade desse vivenciar o meio ambiente com total desprendimento em uma atitude que contrasta com a triste capacidade humana de destruir o habitat deles, assim como do tucano-toco, pleno de beleza nas suas formas e cores. A mulher negra evoca a resiliência perante a violência e a fuga para os quilombos, ressaltando a diversidade do Brasil e a força emocional e física dos escravizados para lidar com todo tipo de dor.
Diversidade Vital
Mosaico com pintura em vidro
100cm x 80cm, 2021
Composta por formações florestais nativas e ecossistemas associados, a Mata Atlântica originalmente ocupava mais de 1,3 milhão de km² , estendendo-se por grande parte da costa do país. Porém, devido à ocupação desornada e atividades humanas na região, hoje restam cerca de 29% de sua cobertura original. Nela reside o muriqui-do-norte, criticamente ameaçado de extinção; e o tucano-toco é um dos principais símbolos das aves do continente sul-americano, que sofre com o tráfico de animais pela beleza de suas cores.
Oscar D´Ambrosio




O veado-campeiro representa este bioma. Traz para imagem uma aparente ingenuidade, um universo simbólico de docilidade, pois surge inofensivo, mas é ameaçado de extinção pelo comportamento humano, pois, mesmo sem incomodar ninguém, sofre com a devastação dos locais em que habita. Junto dele estão as planícies típicas da região e a força da mulher da Região Sul, de predominante ascendência europeia, o que reforça a riqueza da diversidade étnica nacional.
Essência Plana
Mosaico com pintura em vidro
100cm x 80cm, 2022
Restrito ao estado do Rio Grande do Sul, o Pampa apresenta paisagens naturais variadas, de serras a planícies e de morros rupestres a coxilhas. Trata-se de um patrimônio natural, genético e cultural de importância nacional e global. Também é nele que fica a maior parte do aquífero Guarani, considerado o maior reservatório subterrâneo de água doce do planeta. Habita neste bioma o veado-campeiro, espécie ameaçada pela redução do habitat, caça excessiva e ocorrência de doenças transmitidas pela proximidade com animais domésticos.
Oscar D´Ambrosio




As araras-azuis, além de seres representativas do bioma, trazem para a imagem uma personalidade. Os sons que emitem parecem conversas. Não sabemos se estão dialogando amistosamente ou discutindo, mas a presença delas gera encantamento inclusive pelas tonalidades de cor, que estabelecem uma relação o céu e a água. As palmeiras-carandás colaboram com a grandiosidade do conjunto, enquanto a mulher pantaneira apresenta a força de enfrentar dificuldades ao som das melodias do violeiro Almir Sater.
Pântano Vivaz
Mosaico com pintura em vidro
100cm x 80cm, 2022
É considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta, sendo o bioma de menor extensão territorial do país. Vem sendo muito impactado pela ação humana, principalmente pela atividade agropecuária, especialmente nas áreas de planalto adjacentes. Nele voam as araras-azuis. Destacam-se pela beleza, tamanho e comportamento, devendo haver mais em cativeiro que em vida livre. Os principais fatores que as levaram à ameaça de extinção foram a captura ilegal para o comércio nacional e internacional de aves de estimação.
Oscar D´Ambrosio

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